sábado, 30 de janeiro de 2010


VOLTEIIIIIIIIIIII! HAHAHAHAHAAH

Aqui estou eu, retornando ao Rebeldia Com Causa, o blog sobre tudo e sobre nada específico.
Se alguém ainda lê isto aqui, espero que esteja feliz. Mas duvido que isso aconteça. Provavelmente ficarei escrevendo para o nada.

Enfim...
Hoje estou com vontade de escrever sobre a vaidade.

Como todo mundo que me conhece sabe, sou muito vaidosa. E como quase todos os que me conhecem também sabem, sou sincera. E falo MERRRMO (como dizem meus conterrâneos cariocas), vou fazer uma lipoaspiração semana que vem. Sim, posso morrer. Sim, pode dar errado e eu ficar toda horrenda. Sim, vai me custar caro e eu conseguiria um resultadozinho medíocre malhando (se fosse fácil assim ninguém faria cirurgia). Mas eu vou fazer, porque quero ficar bonita. Qualquer risco vale a pena pelos benefícios potenciais.

Vivemos em um mundo onde, mais do que em qualquer outra época, a beleza é valorizada. Ser belo significa ter poder. Significa ser bem tratado, significa ter o parceiro dos seus sonhos, significa ter acesso a pessoas e empregos aos quais pessoas consideradas feias não têm acesso.

Você liga a TV e não vê gente feia. Dizem que o Brasil é a terra das belas mulheres, mas o que você vê na Globo é sacanagem. Todo mundo é lindo, tirando as velhas (às vezes até as velhas são lindas). A mensagem subliminar que se passa aí é "se você é feio, não existe. Ou melhor, você existe, mas seria melhor que não existisse".

A única maneira de se inserir em um mundo obcecado pela beleza, pelas aparências e pelo que é material é se tornar mais belo que a média. Do contrário, você estará condenado a não ser ninguém. A não existir. Você é inconveniente. Desagradável.

Antes essa pressão era reservada às mulheres. Aos homens, sempre vinham as frases cretinas, desculpas esfarrapadas, do tipo "é dos carecas que elas gostam mais", as comparações da barriga com "calos sexuais" (pelamor) que no fundo só serviam para dizer: "você, mulher, é que tem que se preocupar com beleza. Você tem um macho do lado e é isso o que importa, dane-se se ele é um porco feio, barrigudo, velho, mal-conservado e tem mau hálito. Mate-se mas fique linda pra ele, pois apesar de tudo, ele é o SEU homem".

Com a Revolução Feminina, as mulheres passaram a exigir mais. Barba cerrada com restos de sopa? Pêlos abomináveis nas costas, na orelha, [b]no nariz[/b]? A HORROROSA careca? De jeito nenhum. As mulheres passaram a aplicar aos homens os altíssimos padrões de beleza que eram exigidos delas (sim, são altos, porque no fim das contas nós nos tornamos algo que não somos naturalmente. Toda mulher (exceto, talvez, as de raça negra, as de descendência indígena e as orientais) têm a perna peluda. Mas homem odeia isso, na-na-ni-na-não - e veio a pressão para que raspássemos. Hoje nem precisa pressão, nós mesmas nos auto-censuramos quando vemos aquelas pernas de urso no lugar das nossas [b]verdadeiras[/b] pernas de sonho e vamos na hora raspar) e eles têm de ter a pele bem cuidada, cabelos decentes, dentes bonitos, corpo atlético.

Por um lado, isso é maravilhoso, pois representa a igualdade (e dá uma noção a certos ingratos do sacrifício pelo qual passamos). Por outro, significa que os 50% da humanidade não-escravos desse padrão...foram escravizados. Agora estamos todos sob o jugo do padrão.

O abominável, terrível, cruel "padrão de beleza imposto pela mídia". So they say.

Ora, quem é a mídia? A mídia, por um acaso, existe controlada por robôs sem coração, como aqueles andróides do filme Matrix, decidindo como vamos viver? Claro que não. A mídia é feita por pessoas, é um espelho do que as pessoas querem e gostam.
Muita hipocrisia achar que se a mídia não existisse todo mundo ia adorar gente feia, os pançudos seriam os reis das festas, as obesas seriam as campeãs de vida sexual e existiria fetiche em beijar banguelas (isto é, se não existe, né, pesquisando na Internet eu descubro cada coisa).

Claro que muitas das coisas que as pessoas fazem não vêm espontaneamente da cabeça delas, vêm daqueles que efetivamente controlam a mídia. A mídia também é uma forma de poder. Mas não existe poder absoluto. Existe uma espécie de "feedback" (meldels, odeio essa linguagem corporativa, eu deveria usar outra palavra mas não consegui achar nada que se encaixasse) de mão dupla. A sociedade influi a mídia, a mídia influi a sociedade. Se a mídia resolvesse inverter 100% dos valores da sociedade, ela seria ignorada e não influenciaria ninguém. Há valores mais sólidos e eu diria que esse culto à estética é um deles.

O conceito do que é belo e do que não é pode até variar com o tempo, mas o fato de que as pessoas diferenciam o que é bonito do que é feio e valorizam mais o que é bonito...ah...isso é onipresente. Isso sempre existiu e sempre existirá.

Portanto, antes de choramingar e culpar a sociedade pela sua infelicidade, já que você é feio/gordo/etc. e ninguém vê sua beleza interior (argh) faça o possível pra se adaptar a ela e tentar ser feliz. Quer moleza, senta no pudim. A sociedade é VOCÊ. Lembre-se disso.

E a prova disso é que nem gente feia gosta de gente feia. Estou mentindo?

Wish me luck.